(O Eclipse lunar de 03 de Março de 2007 exactamente como a vi)

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LUA CHEIA DE ECLIPSE
(Eclipse total da Lua - 03Mar2007 - Mindelo)

Estou aqui sozinha, ó irmã Lua
que suspensa me apareces tão imponente
embora estejas em cima, não sou subalterna tua
deixa-me quieta no meu canto, impotente

E me apareces assim, tão linda, pose de madame
e eu redonda de desejo, em calhau transformando
Porque vens assim, tão altiva? Vá! Responda-me!
Não me ignores, estou te implorando!

Chegas tão brilhante, que pões a descoberto
a vacuidade do meu pobre e solitário coração...
É tão desesperador sentir-te aqui tão perto.
Rendo-me a tua majestosa aparição!

Mas não te pedi isso, Lua dos encantados
me deixas assim, vermelha de ciúme
tendo ao pé dos teus raios, os apaixonados
exalando o característico perfume

Vai ser linda e brilhante,
redonda e altiva, pedindo versos,
suspensa, tentadora e cintilante
assim, no quinto dos “universos”!

Mas eu vingarei, verás! Terás resposta
já já mandarei esta angústia embora
quando hoje mesmo fores sobreposta
e tornares pequena, como eu me sinto agora!

Aí quero ver, se brilhas como cheia d’outrora
quero ver-te vermelha... de raiva, de ódio
e quero ver-te a viver a repassar em uma hora
as tuas quatro fases. É a natureza Lua, que remédio!

Sobre mim, ó Lua, só tu sabes
mas a ti, meio mundo te vê
embora eu esteja disfarçada percebes
que estou rendida... á tua mercê

E quando linda, e brilhante
redonda e altiva reapareceres
suspensa, tentadora e cintilante
assim, e mais cheia banhar me quiseres

Eu vou estar aqui peito aberto te esperando
deste lado do nosso querido universo
onde estranhamente continuamos nos amando
e existindo, irmã Lua, neste mundo adverso

Índia Libriana