VEM

Vem que te espero
aqui o sorriso tem desenvoltura
o Sol não tem ultravioletas
e a Lua não eclipsa em nós;

Vem que te espero
para os abraços trepidantes... prevertidos
para os sugados beijos prometidos
ab initio e até quando durar esta eternidade;

Vem que te quero
num “Vem” extasiante, de prazer
arrancando ais, gemidos guturais
seguido do deleite da calma do depois;

Vem que te espero
meus braços são céus de ternura
te esperando para te cobrir doçura
cada recanto do teu olhar;

Vem que te espero
para encher meus olhos do teu olhar
vem que minha tez quer conferir e tocar
o calor descrito pelas tuas falangetas.

Índia Libriana
(Abril2007)
VESTIDOS EM EXTASE

Eram vestidos com sussurros na bainha,
flores pulando de êxtase no decote,
desfilando fragrância ao toque de seda,
e a anca redonda, ancorada num olhar côncavo,

de tão convexo que já estava
e tantos eram os braços, laços na cintura
no desnudar da santa que atentava
com beijos em desbotões e pressa devoraz

em degustar na colmeia a ira fresca
e espessa, doce toque choque de cio
o que já era pomo da saudade

da veste de druida santificado,
de Brighid, fogo sagrado
e ardiam de êxtase todos esses vestidos


Índia Libriana
(Agosto2007)
ALAGADA

No meu céu sentia um passo apressado
que me tangia e me atiçava quão pisadas de Pégaso
nesta via, um toque de figuração já gastado
fazia irromper em mim era de Parnaso...

Era nuvem que ficou prenhe de um olhar
e deu á luz! Um dilúvio de poesia
na praia onde já havia rumor e a maresia
despontou uma festa de ondas, bolhas a cintilar

em meu peito e construí uma barragem
para dela fazer jorrar mansinho
torrente fresca que inunda devagarinho

do leito, para o leito e nossa margem.
Não sei se irei sozinha nesta jornada
mas já me dá gozo este estado de alagada...


Índia Libriana
(Agosto2007)

SAINDO DA CASCA

A MENINA DE MIM VAI A PRAÇA

Hoje vou abrir a cancela e levar a ânsia
da menina em mim, a passear sua vontade acesa;
vou passear também meus poemas de infância,
ouvir e cantar de novo “A Portuguesa”...

Por cima levarei vestindinho de chita
com rosas na blusa e rendinha na saia
nos cabelos tranças e laços de fita
e na inocência, combinação de cambraia...

Poderei balançar a coxa com brandura
cantar e jogar o giro-flé toda contente
fazer roda e não dar roda à vida que abate

no hoje em que sou apenas criança, menina pura,
alma vivida e renascida do tempo, toda inocente,
vou querer pipoca, sorvete e chorarei para ter chocolate...

India Libriana

(Agosto2007)